Correr de dia ou a noite?

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Foto: Sua Corrida¹

Geralmente os corredores adéquam os seus treinos à sua rotina diária, de forma que os mesmos não atrapalhem os seus compromissos pessoais ou profissionais e vice-versa. Todas as pessoas podem desfrutar dos já comprovados benefícios da corrida, independente do horário, porém, para quem tem a opção de escolher o horário do treinamento é bom saber quais as vantagens e desvantagens de cada horário, podendo assim, agregar ainda mais benefícios à corrida.

Manhã

Grande parte dos eventos de corridas de rua são realizadas no período da manhã, assim, para quem treina nesse horário já tem um ponto a favor, a adaptação. Nesse período, a umidade do ar tende a estar mais alta e a poluição do ar menor, tornando assim a respiração mais fácil, “menos pesada”. Por conta da aceleração do metabolismo e a liberação de substâncias, como a endorfina e a serotonina, a corrida matinal deixa a pessoa mais disposta para as tarefas do dia. 

Mas nem tudo são flores, correr pela manhã também tem as suas desvantagens, principalmente porque nesse horário, geralmente, o organismo não está nutrido e hidratado suficientemente bem para a atividade. Além disso, a função pulmonar esta menor, os níveis energéticos estão mais baixos a musculatura tende a estar mais relaxada, demorando um pouco mais para aquecer e ter condições naturais para a corrida.

Noite

A grande maioria das pessoas que correm à noite, tem na corrida sua última “obrigação” do dia, o que de certa forma chega a ser benéfico, uma vez que consegue treinar sem ansiedade ou pressa de terminar. Sem dúvidas, um dos grandes benefícios de treinar neste período, é em relação ao clima, que costuma ser mais ameno e agradável. Aliado a isso, nesse período há uma concentração maior dos níveis hormonais, maior capacidade pulmonar e a temperatura corporal esta maior, facilitando o aquecimento do corpo. Além disso, por ter decorrido todo o dia, se torna mais fácil planejar e adequar a alimentação e hidratação correta, obtendo uma reserva energética maior e melhor.

Em contrapartida, à noite o ar costuma estar mais “pesado”, com uma concentração maior de gás carbônico, prejudicando um pouco mais a respiração. O cansaço e estresse do dia podem ser fatores de grande influência, negativamente, na corrida, podendo afetar o rendimento do atleta. Além disso, por conta da agitação ocasionada pela liberação da endorfina, algumas pessoas podem passar a ter maiores dificuldades para dormir.

Correr é indiscutivelmente saudável para o corpo e para a mente, o horário dos treinos são apenas meros detalhes.

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Referências:

1 - http://www.suacorrida.com.br/treino-finisher/e-melhor-correr-de-dia-ou-a-noite/
http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/treinos/guia/manha-tarde-ou-noite-saiba-qual-e-o-melhor-periodo-do-dia-para-seu-treino.html
http://www.tf.com.br/blog/exercicios/os-melhores-horarios-para-praticar-corrida-ao-ar-livre/

A importância dos músculos superiores

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Foto: Globo Esporte

Normalmente, sempre que pensamos na musculação associada à corrida, pensamos no fortalecimento dos músculos inferiores, como quadríceps, posterior da coxa e panturrilhas, por exemplo, afinal esses são os músculos mais exigidos e os que sofrem maiores desgastes. Porém, os músculos superiores, tais como braços, abdômen, tórax, peito e costas, merecem cuidados especiais, tanto quanto os membros inferiores e apesar de menos exigidos tem papel fundamental na corrida

Os músculos dos membros superiores são de fundamental importância para a mecânica da corrida, podendo ajudar o atleta em um melhor desempenho durante a corrida ou até mesmo prejudicar esse desempenho, caso não tenham força, alongamento e resistência necessária para o esforço.

Trabalhar o fortalecimento desse grupo de músculos é fundamental, pois influencia “diretamente na melhora da postura, proporcionando melhor estabilidade articular, protegendo músculos e articulações do impacto da corrida”¹. O posicionamento correto dos braços e a coordenação com as passadas, pode gerar uma economia de gasto energético maior e diminuir o risco de lesões.

Assim como os braços, o bom fortalecimento do tronco pode trazer grandes benefícios para o atleta, uma vez que ele auxilia “na respiração e postura, contribui na estabilidade da rotação da pelve durante as passadas, gerando, com isso equilíbrio e eficiência na produção de velocidade”².

A falta de fortalecimento muscular dos membros superiores, pode acarretar em um desequilíbrio do corpo, o que pode gerar desgaste físico e muscular maior, deixando assim o atleta mais suscetível a lesões, como a lesão por estresse.

Exercícios funcionais, podem ser muito úteis, por trabalhar todo o corpo e principalmente toda a região do core. Na musculação, “O mais indicado é trabalhar com treinos de mais resistência muscular, usando peso moderado e maior número de repetições, pois não é interessante que o corredor ganhe muito volume muscular e sim, tônus*”³. 

A corrida é muito mais do que dar um passo a frente do outro, existem técnicas e fundamentos que se bem alinhados com a corrida, podem proporcionar uma corrida ainda melhor, mais segura e com melhores resultados, por isso, o acompanhamento profissional é sempre indispensável.


*Tônus muscular é o estado de tensão elástica (contração ligeira) que apresenta o músculo em repouso, e que lhe permite iniciar a contração rapidamente após o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo a iniciar a contração. (https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3nus_muscular)

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Referências:

Foto: http://www.copacabanarunners.net/corrida-bracos.html 

1 – http://gorunning.com.br/a-importancia-dos-membros-superiores-na-corrida/
2 – http://www.suacorrida.com.br/trabalho-muscular/corredores-tambem-precisam-fortalecer-os-membros-superiores/
3 - http://www.suacorrida.com.br/treino-wrun/atencao-ao-membros-superiores/
http://www.copacabanarunners.net/corrida-bracos.html

Hiponatremia

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Foto: Rumo Certo¹

Na última semana, contei um pouco sobre a incrível história da Gabrielle Andersen durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Durante a pesquisa para desenvolvimento do texto, uma coisa me chamou a atenção e despertou curiosidade, a hiponatremia. Desta forma, fiz uma pesquisa mais profunda, a fim de descobrir um pouco mais sobre o assunto, assim como os seus sintomas, causas, prevenção, etc., o resultado você vê abaixo.

Para aqueles que acreditam que água nunca é demais, saibam que estão completamente enganados, principalmente para um atleta. A hiponatremia, também conhecida como intoxicação por água, “é um desequilíbrio hidroeletrolítico que resulta na queda anormal da concentração de sódio no plasma”², ou seja, o corpo passa a ter mais água que o normal para a quantidade de sódio dissolvida no sangue. Isso pode ocorrer quando o corpo perde sódio exageradamente através da sudorese ou através da ingestão excessiva de água. 

Sintomas como náuseas, vômito, cãibras, cefaleia, fraqueza e mal-estar podem indicar início de um quadro de hiponatremia, que apesar de existir poucas ocorrências, deve ser levada muito a sério e ter a atividade interrompida imediatamente, a insistência pode resultar em quadros mais graves, uma vez que sem o sódio, tanto os nervos como os músculos não funcionam adequadamente, podendo assim levar o atleta a ter confusão mental, diminuição dos reflexos, convulsões e até mesmo coma. 

Uma maneira de o corredor perceber se está perdendo muitos eletrólitos é observar se a roupa fica esbranquiçada após a atividade ou se há grânulos de sal em sua pele”³, nesse caso a atenção e cuidado com a reposição adequada de sódio se torna fundamental, já que o excesso pode também provocar outros quadros perigosos à saúde. Isso evidencia ainda mais a importância do bom acompanhamento com nutricionistas.

O segredo para prevenção desse quadro, está na hidratação, que deve ser feita corretamente de acordo ao tempo e intensidade dos exercícios. Em atividades com duração acima de 1h, por exemplo, é indicada a hidratação com isotônicos ou água de coco, além da água, justamente para que o organismo tenha uma reposição considerável de sódio.

A Gabrielle Andersen, apesar de ter passado por um quadro grave de hiponatremia, passou ilesa e teve uma rápida e ótima recuperação. Mas lembre-se, nem todos nós precisamos ser heróis, pelo menos não desta forma, podemos bater nossos recordes, superar nossas marcar e nos tornar inspiração para amigos, familiares e seguidores, de maneira saudável, segura e com responsabilidade. Correr é bom, se superar é melhor ainda, mas a saúde vem sempre em primeiro lugar.

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Referências:

1 - http://rumocertojf.com.br/agua-em-excesso-faz-mal/
2 - http://www.webrun.com.br/h/noticias/hiponatremia-em-corredores/4374
3 - https://esportes.terra.com.br/atletismo/corrida-de-rua/nutricao-e-hidratacao/saiba-o-que-e-e-como-evitar-a-hiponatremia,200851dc5dfed310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
http://corridasdemontanha.com.br/site/?p=297
http://www.corridaecia.com.br/tome-cuidado-com-a-hiponatremia-2/

Gabrielle Andersen e a força da mulher

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Raras são as pessoas que nunca viram essa imagem acima, raras são as pessoas que não admiraram e exaltaram a força dessa mulher. Seu nome? Gabrielle Andersen, atleta suíça, até então com 39 anos, em 1984 foi para Los Angeles disputar a primeira maratona feminina nos Jogos Olímpicos e acabou entrando para a história dos Jogos, para a história da maratona e para a história da humanidade.

Ao contrário do que muitos pensariam, ela não ganhou a prova e nem chegou perto de um pódio, para ser mais exato, Gabrielle Andersen ficou em 37ª das 44 competidoras que participaram da prova. Porém, o que a tornou “campeã” e inesquecível foi a sua força, persistência e bravura diante de grandes adversidades.

Após percorrer mais de 40 km, Gabrielle foi acometida por “um quadro grave de hiponatremia (queda brutal do sódio no sangue) por provável falta de reposição com isotônicos, aliada ao calor ambiente elevado. Isso lhe provocou fortes alterações cardiovasculares, metabólicas e cerebrais”¹. Aliado a esse já agravado quadro, ela teve fortes cãibras na perna esquerda, o que a fez se “arrastar” durante aproximadamente 400 m.

Devido a sua idade, esta era a sua primeira e última chance de completar uma maratona olímpica e como qualquer tipo de assistência implicaria na sua desclassificação, recusou assim qualquer tipo de auxílio. Diante deste quadro, os médicos apenas a acompanharam, verificaram a presença de sudorese,  o que indicava que o corpo tinha líquido, minimizando os riscos.

A atitude dela, é, ainda hoje, reprovada por muitos atletas e profissionais da área de saúde, afinal colocou em risco sua integridade física e psicológica, podendo levar para o resto da vida sequelas graves. 

Felizmente, não foi o que aconteceu. Pelo contrário, ela teve uma ótima e rápida recuperação. Mesmo assim prefere minimizar o rótulo de heroína, como já afirmou em entrevista: “Não sei se posso me considerar uma heroína, mas reconheço que aquele se tornou um momento histórico. Era a primeira vez que as mulheres disputavam uma maratona olímpica e isso chamou muito a atenção. Era o momento de provar que nós, mulheres, podíamos competir e, mesmo com alguns problemas, terminar a prova”². 

Não venho fazer lobby para que todos sem deem ao máximo, ao limite, até porque acho isso completamente desnecessário e arriscado. Gabrielle era uma atleta profissional e estava cercada de pessoas completamente competentes para enxergar até onde é possível permitir tais atitudes. Porém, acredito que a mensagem que ela passou ao mundo foi muito maior e até foge do ambiente esportivo. Ela demonstrou ao mundo a força de uma mulher e até onde ela é capaz de chegar quando tem em si a força e determinação para vencer, não outra pessoa, mas sim os maiores dos adversários, a barreira psicológica e a barreira do preconceito.

Gabrielle mostrou ao mundo, que assim como qualquer homem, um a mulher pode e vai chegar até o fim e vencer. 

Feliz dia internacional da mulher! 


Texto dedicado a todas as mulheres, corredoras ou não e em especial, para as mulheres da minha vida, minha mãe (Eliana), minha esposa (Adriana) e minha irmã (Laila)!

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Referências:

1 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriela_Andersen-Schiess
2 - https://olimpiadas.uol.com.br/noticias/redacao/2016/07/30/heroina-mais-famosa-da-historia-olimpica-diz-por-que-nao-se-aguentava-em-pe.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maratona#Maratona_feminina
http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2016/07/suica-volta-ao-estadio-onde-quase-desmaiou-na-maratona-olimpica-de-84.html